
Olhe para mim, mas olhe no fundo dos meus olhos. Tenta desvendar minha alma, meus sentimentos, tenta me entender por um instante. Difícil? Vou te ajudar. Eu sou como qualquer outro ser humano. Apenas amo “diferente”. Tente me compreender antes de me criticar. Na minha vida posso escolher quase tudo, porém uma das coisas que não depende da minha escolha é a orientação sexual. Sou gay com orgulho, não tenho vergonha de dizer isto a todos. Quero que vejam que não sou um doente, tenho uma vida absolutamente normal, o único problema é o seu PRECONCEITO. Peço que por alguns instantes me acompanhe, reflita comigo e deixe aqui o seu pesado casaco da falsa moralidade.
Cresci vendo homens beijando mulheres e tendo em casa isto como modelo, como o “certo”, porém chegou um ponto na minha vida que eu vi que meu interesse não era por meninas, e sim por meninos. Achei que fosse fase, que isto passaria em 1 ou 2 anos, estava completamente errado. Tentei namorar meninas, beijar meninas, ser o filho que todo pai e mãe gostariam de ter, porém nunca fui feliz com isto. Gostava mesmo era de reparar nos homens, mas não podia deixar ninguém perceber isto, minha vida iria se ruir se alguém descobrisse que era um “doente”.
O tempo passou e eu ainda achava tudo “errado”, mas tive a oportunidade de ficar com um garoto. Neste momento, eu senti o ápice da minha felicidade. Sinceramente nunca tinha me sentido tão bem ao lado de uma pessoa. Novamente o medo voltou. Tentei me relacionar com meninas, mas a experiência foi horrível. Eu estava enganando a elas e a mim mesmo. Procurei entender o que estava se passando. Neste momento tive um grande amigo que me esclareceu diversas coisas e abriu meus olhos de que ser gay não é errado, não é doença, e sim apenas uma forma diferente de amar.
Neste momento comecei a me aceitar, a me valorizar e a me envolver com pessoas do mesmo sexo. Encontrei a felicidade, encontrei o que eu era de verdade. Em momento nenhum eu escolhi ser assim, nasci dessa forma e pronto. O porquê das pessoas serem homossexuais muito se discute, porém, para mim, não faz diferença alguma.
Nesta caminhada já enfrentei pessoas preconceituosas, e também já fui um preconceituoso. Não aceitava ser gay, lutava contra isto em mim, e de certa forma descontava em todos a minha volta. Hoje não tenho mais estes preconceitos retrógrados, aceito a mim e a todos os outros homossexuais cada um com sua particularidade, seu jeito de ser e de agir na sociedade.
Durante todo o período que freqüentei o ensino fundamental, momento crucial para qualquer jovem em desenvolvimento, jamais, em nenhuma aula, foi tocado no assunto homossexualidade. Talvez se o assunto referido tivesse sido debatido, comentado e explicado eu não tivesse sofrido tanto no início da descoberta da minha orientação sexual. O mundo está mudando e os professores têm que se qualificarem para trabalhar com as mais diversas diferenças, seja na orientação sexual, nas deficiências físicas ou em qualquer que seja a diferença.
Em casa minha mãe até pouco tempo não sabia o que era ser GAY, não entedia muito bem esta palavra, sabia que era homens que ficavam com outros homens, conhecidos vulgarmente e preconceituosamente como “viadinho”. Tive seu apoio total quando revelei para ela. Meu pai é um cara que não sabe bem o que achar de tudo isto, mas sei que ele me ama e irá apoiar. Mas nem todas as famílias são assim, quando descobrem que o filho é homossexual tenta curá-lo, acham que isto é reversível. Estas famílias deveriam procurar ajuda de um profissional para lidar com estas situações, antes de sair criticando o que nem conhecem. Acima de tudo os pais deveriam formar seus filhos para aceitarem as diferenças, aceitar pessoas com Síndrome de Down, aceitar deficientes, aceitar os negros, os gays. Isto raramente é feito.
Nós temos medo da sociedade, porém não somos nós que a fazemos? Então, não viva para os outros, para satisfazer o desejo de outros, viva para você, conquiste sua felicidade. Neste momento você poderá conviver bem com todos, se colocar em primeiro lugar em algumas situações não se chama egoísmo, e sim AMOR PRÓPRIO, devemos nos amar em primeiro lugar para podermos amar os outros.
Agora se você ainda quer se vestir com o seu pesado casaco da falsa moralidade e continuar criticando os homossexuais, siga em frente, não sou ninguém para lhe proibir. Mas saiba que o mundo precisa de amor e paz, amor é o que sentimos e paz é o que fazemos.

Nenhum comentário:
Postar um comentário